A ANME – Associação Nacional Magistral Estéril, entidade representativa dos profissionais de farmácia magistral com foco em manipulação estéril, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à campanha veiculada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), com o slogan “Obesidade, tratamento adequado, NÃO SE MANIPULA”.
Reconhecemos a relevância e seriedade da SBEM no cenário da saúde brasileira e o compromisso de seus associados com a qualidade do cuidado médico. No entanto, entendemos que a expressão utilizada transmite mensagem equivocada, que desqualifica o trabalho do farmacêutico e induz o paciente ao erro, ao associar a manipulação de medicamentos a práticas inseguras ou ineficazes.
A farmácia de manipulação no Brasil é regulada por órgãos competentes e segue normas rigorosas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Resolução RDC nº 67/2007 dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias (BPMF) e estabelece requisitos técnicos que abrangem desde a aquisição de matérias-primas certificadas, passando por controles de qualidade físico-químicos e microbiológicos, até a rastreabilidade e dispensação segura ao paciente. No caso das preparações estéreis, incluindo injetáveis, a legislação é ainda mais rigorosa, exigindo estrutura física adequada, áreas limpas com controle ambiental, testes de esterilidade e endotoxinas bacterianas, além da obrigatoriedade de Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) emitida pela ANVISA e fiscalização sanitária permanente.
Essas normas garantem que a manipulação magistral, quando prescrita por médicos e executada por farmacêuticos habilitados, seja um processo seguro, ético e indispensável para o tratamento de inúmeras condições de saúde, inclusive a obesidade. Ressalte-se que a manipulação magistral permite personalizar tratamentos, atender necessidades específicas de pacientes, suprir carências de formulações não disponíveis no mercado e ampliar o acesso a terapias de qualidade.
A utilização de termos pejorativos como “não se manipula” não promove educação em saúde, gera desinformação, enfraquece a integração multiprofissional e pode comprometer a adesão de pacientes a tratamentos legítimos, regulamentados e fiscalizados. Reiteramos a importância de que campanhas institucionais em saúde sejam pautadas pela ciência, pela ética e pela valorização de todos os profissionais envolvidos no cuidado, evitando mensagens que possam induzir a população a equívocos.
Dessa forma, a ANME – Associação Nacional Magistral Estéril repudia publicamente o conteúdo da referida campanha, reafirma o compromisso da manipulação magistral estéril com a qualidade, a segurança e a legalidade, e conclama a SBEM, bem como todas as demais entidades médicas e farmacêuticas, ao diálogo construtivo e ao respeito mútuo, em prol da informação correta, da valorização interprofissional e, sobretudo, da saúde da população brasileira.
ANME – Associação Nacional Magistral Estéril